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A Transexualidade: Fobia do Desconhecido?


Autora: Margarida Delicado, Colaboradora do Departamento SOCIALiS

Damos a boas vindas a mais um tema da nossa ilustre rubrica “Temas Mensais” em que, no mês de fevereiro, os membros do SOCIALiS recolheram testemunhos de diversos estudantes, incluindo alguns pertencentes à comunidade LGBTQI+. O tema abordou, de forma intrínseca, a transfobia e os processos de integração social e apoiou-se, sobretudo, nestas duas questões:

“Acreditas que a transfobia é um problema em Portugal?”

“Que processos poderão ajudar a uma integração social plena para as pessoas transexuais?”

Atualmente, apesar de existir uma coleção muito mais diversificada de informação e uma maior aceitação por parte da sociedade no que toca ao assunto referente à comunidade LGBTQI+, ainda se verificam enormes atritos e desigualdades enraizadas no contexto social atual.

A transexualidade, sendo uma vertente dessa comunidade, também repercuta diversas dificuldades na sua normalização. Isto, pois, por existir o medo de conhecer esta vertente “diferente”, o indivíduo tende a discriminá-la, gerando assim aversão e fobia àquele que se sente oposto ao seu género biológico, afirma Ricardo Batista, aluno do 3º ano do Sociologia. Além disso, Mariana Domingos (3º ano, Sociologia) acrescenta que este medo se justifica pela associação da transexualidade a uma doença ou a um problema de identidade.

Devido ao facto de existir um enorme nível de desinformação e ideias erróneas acerca da transexualidade e da identidade de género (Cátia Sofia, Direito, ULisboa) aliadas à conceção de pré-conceitos e preconceitos (Daniel Ferrão, 2º ano, Sociologia), estes indivíduos são alvos de discriminação, falta de apoios sociais e psicológicos, bem como limitado acesso ao mercado de trabalho, remata Cátia Sofia (Direito, ULisboa). Além disso, Sérgio Pedroso (Arqueologia, FCSH) informa que estes indivíduos estão propensos a desenvolver doenças mentais e/ou problemas psicológicos provocados por esse julgamento exterior, tais como depressão, body disphormia e ansiedade.

Não obstante o facto de pertencerem à comunidade LGBTQI+, Ricardo Batista (3º ano, Sociologia) concorda que a transfobia também toma lugar dentro dela, pelo simples facto de que, muitas vezes, não se confere uma luta de grupo por direitos iguais, mas sim lutas individuais.

Assim, segundo Leonor Amaro (4º ano, Saúde Ambiental, ESTeSL), é crucial o acesso a serviços de apoio psicológico para todas as faixas etárias, bem como a ambientes exclusivos para o género específico e/ou através do seu nome social, como as instalações sanitárias. Também defende a intervenção das famílias e/ou comunidade para maximizar o bem-estar físico e psicológico e vê o mercado publicitário como uma ótima via de inclusão social. Neste seguimento, Sérgio Pedroso (Arqueologia, FCSH) sobrepõe-se em concordância com Leonor Amaro e acredita que uma maior facilidade no acesso às cirurgias e medicação também constituem pontes para uma integração mais sólida.

A um nível educativo, Ricardo Batista (3º ano, Sociologia) aposta na educação da sociedade sob um modelo mais recetivo e íntegro, incluindo Educação Sexual e Cidadania como disciplinas escolares de forma a integrar a ideia de todo o processo, dificuldades, documentos, modo de agir dos transexuais no meio social e, ainda incorporar todas as crianças e representá-las de acordo com qualquer tipo de escolha que tenham. (Cátia Sofia, Direito, ULisboa)

E sob uma visão mais constitucional, Mariana Domingos (3º ano, Sociologia) ampara a sua perspetiva numa aposta de leis firmes e apoios consistentes para quem atravessa este caminho fora de um “normal social”.

Apesar de vivenciarmos, atualmente, um período difícil a diferentes níveis, é essencial abordarmos a hipótese de sustentarmos na nossa consciência o sabor de uma felicidade conjunta, em que todos possamos usufruir das mesmas opções e dos mesmos apoios. Como tal, são diversas as medidas possíveis para que exista um maior e permanente auxílio a estes indivíduos e é nosso dever, enquanto sujeito de um igual meio social, promover esta igualdade e integrar a normalidade de qualquer escolha feita, seja ela igual ou diferente da nossa.




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