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Quando os políticos dizem o que (não) queremos ouvir

TEMA MENSAL DE FEVEREIRO


Autor: Rodrigo Rufino, Coordenador do Departamento Socialis do NESISCTE.


Como é habitual, o SOCIALiS voltou ao campus do Iscte para inquirir os estudantes acerca da temática do Populismo, tema escolhido por quem votou nas redes sociais do NESISCTE.



Se nos meses anteriores as opiniões eram de forma geral informadas e coincidentes umas com as outras, sobre este mês o mesmo não pode ser dito. Para além da dispersão de visões sobre o que é o Populismo e como se manifesta na sociedade, estas parecem acima de tudo pouco informadas e esclarecidas, por vezes totalmente distantes das definições avançadas pelos especialistas.


A todos os inquiridos foi perguntado o que entendiam por Populismo. Na generalidade, os estudantes consideram o Populismo como algo que tem a ver com as massas e com “a influência na mente das outras pessoas”, como referido por Filipa Bacalhau, estudante da Licenciatura em Finanças e Contabilidade. É geral a ideia do Populismo enquanto movimento que tenta movimentar as “massas que não estão informadas” (Bruno Rodrigues, Licenciatura em Finanças e Contabilidade), “exagerando na partilha de informação e criando certas expectativas para com as pessoas” (Ester Costa, Licenciatura em Sociologia). Francisco Guerra, estudante da Licenciatura em Finanças e Contabilidade, apresenta uma definição mais estruturada ao afirmar que o Populismo acontece quando alguém “aborda um tema de forma a que chame pessoas para lá”, apresentando o exemplo do político André Ventura. Para este estudante, André Ventura não está interessado em ideologias, mas sim em alcançar um estatuto e para isso “recorre a temas que vê que podem ser fraturantes e que podem provocar alguma discussão e que pode ter alguns seguidores e coloca essas questões”.


Foi também visível alguma confusão quanto ao verdadeiro significado de Populismo, com um estudante da Licenciatura em Arquitetura a afirmar que este é um regime político “onde o povo é quem atua diretamente no governo” e outros estudantes a confessarem que o conceito lhes faz alguma confusão, como referiu Ester Costa ou que não o sabem explicar (Carolina Pereira, Licenciatura em Sociologia).


Apesar de não terem sido capazes de explicar em que consiste o Populismo, todas as pessoas inquiridas assumiram tratar-se de algo que se pode tornar perigoso, podendo fazer com que “as pessoas atuem de uma maneira que pode não ser a maneira mais adequada na visão delas, mas ao não terem informações estão a ser levadas por esse caminho” (Bruno Rodrigues) ou, segundo Carolina Pereira, “pode levar a que as pessoas caiam na tentação de seguir as pessoas erradas”.


Foi também consensual a importância que os media têm na contribuição para o aparecimento de líderes populistas ao ajudá-los a aparecer, tornando-os mais conhecidos (Filipa Bacalhau) e, como referiu Francisco Guerra, “quando em horário nobre metem um indivíduo que é um demagogo, um populista” é notória a influência que os media têm na construção da imagem do líder populista.


A propósito de líderes que considera populistas, Bruno Rodrigues referiu que “só não vê quem não quer ver”. Mas tendo em conta a panóplia de opiniões pouco fundamentadas recolhidas sobre este assunto, será que se vê este fenómeno assim tão bem como se pensa, ou estará o espaço público composto por personalidades informadas a toldar o verdadeiro conhecimento que outras franjas da população têm sobre o assunto? Para ver não basta querer, é preciso saber.

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